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Rancho Regional de Guifões

 Fundado a 10 de Janeiro de 1977 

 Guifões

Guifões é uma vila e freguesia portuguesa do concelho de Matosinhos, com 3,53 km² de área e 9 495 habitantes. Densidade: 2 689,8 hab/km².Foi elevada a vila em 12 de Junho de 2009.

 

Este grupo pertence, etnograficamente, à região Maiata.

 

Baseou-se fundamentalmente na agricultura, o meio de sobrevivência das pessoas que moravam nesta região.

Ainda hoje a freguesia de Guifões, constituída pelas antigas aldeias de Gatões, Lomba e Guifões, apenas mostra a concentração populacional nos velhos núcleos urbanos desses três lugares, que, naturalmente, cresceram, nomeadamente a Lomba e Guifões, não apenas entre Tourais e a Igreja, mas ao longo dos caminhos e estradas que se foram abrindo.

 

O resto da freguesia é retalhos de campo e parcelas, bosques e matagal nos montes. Campos de milho, de algum centeio, legumes, batata, pomares e alguma vinha circundando, em ramada, os campos de milho ou muros das habitações. Aqui e ali o bosque de carvalhos, pinheiros, eucaliptos, tílias, castanheiros, buxo, salgueiro-branco ou sobreiro, bordeja a estrada e prolonga-se pelo sopé dos montes, subindo as encostas.

 

As máquinas ocupam-se dos campos cultivados. Já não se usa lavrar a terra com a charrua, de madeira, de carrinho e aiveca, já não se faz a semeadura à mão, o lanço do grão, porque o trator abre as carreiras. Nas pequenas parcelas familiares, em casa, ainda se semeia, por vezes, em cru, só com a terra gradada. Mas é do passado segar com foicinha, fazer a debulha com grade, pau ou mangual.

O pão macho, o trigo, é rara sobrevivência; a farinha compra-se na feira ou nas grandes superfícies, pois na segunda metade do século Guifões perdeu os seus postos de cereal. O pão fêmea, a cevada, também tem pouca serventia mas há ainda centeio, a palha branca que se usava para pão de mistura. Não há muito tempo, a meados do século, quando Guifões vivia essencialmente da agricultura, a freguesia produzia à volta de um milhão de litros de milho, 50.000 de feijão e possuía, em média, 250 cabeças de gado bovino. Muito mais que gado lanígero, que não chegava a 100 ovelhas.

Nos pomares produziam-se fundamentalmente pereiras, mas também pessegueiros e laranjeiras, alguns limoeiros e ameixieiras. O vinho, em toda a freguesia não chegava a 50.000 litros.

Além do milho e do feijão a produção mais difundida era a das hortas. Produzia-se para o mercado, para as feiras, batatas, cerca de 30.000 quilos, grelos e nabos, 17.000, couve lombarda, 12.000, couve-galega, 14.000, penca e ervilha 10.000 quilos de cada, e ainda cebolas, couve-flor, nabiças, e apenas em Guifões cenouras e pepinos. Propriedades agrícolas referenciavam-se 32 em Guifões e 22 em Gatões. Mas todas as casas com um pouco de terra cultivavam legumes.

Há cinquenta anos chama-se ainda a essas propriedades, casas agrícolas.

Na altura das Inquirições a aldeia de Guifões era quase toda ela pertença de uma religiosa, Ousenda Joanes; são terras nobres, que incluem as duas quintãs do lugar. Recebe pagamentos de 8 casais, mas possui um enorme terreno desde o Castro de Guifões – além de outras propriedades, terrenos e herdades fora da freguesia. A propriedade da irmã Ousenda Joanes, de resto familiar do Abade de Bouças, Gonçalo Joanes, deveria corresponder á de Trastina, a dona que a oferece em 1032 ao abade de Leça. Havia também sete casais do rei, explorados diretamente por lavradores, que recebia ainda foro das salinas. Herdadores, proprietários livres, só havia um e dividia o seu casal com o Mosteiro de Águas Santas; tinha havido três casais livres, de cavaleiros-vilãos, mas tinham-nos vendido a um mercador do Porto. Os outros casais pagavam foro ao mosteiro de Rio Tinto e uma grande leira de rei, no Outeiro, era explorada pelo Abade de Bouças.

Perdida a obrigação do morgadio e repartido o património por vicissitudes históricas – como a Quinta de Guifões e parte da de Gatões, herdada pelos Passos, e praticamente vendidas a retalho pelo herdeiro de José Passos -,a morfologia rural da freguesia de hoje, parece ter regressado á multiplicidade de retalhos primitiva: as trinta e duas propriedades agrícolas de Guifões e as 22 de Gatões, em 1950.

O regime agrícola tradicional, o campo-prado

A sociedade moderna, que se desenvolve nos séculos XVII e XVIII distingue-se da medieval pela maior mobilidade social da população, o que corresponde também às novas \ marítimas e comerciais do país, a partir das Descobertas. É certo que Guifões e Gatões continuam a depender essencialmente da agricultura de pequena propriedade; mas a tendência é que a propriedade passe a emprazada, através do novo regime da enfiteuse, contrato entre o detentor da terra e o explorador feito em tempo limitado a três vidas. Os prazos mantêm-se no casal, marido e mulher ate à morte de ambos e à morte do filho ou filha que os pais determinarem. A partir daí era necessário renovar os prazos, que se fariam sempre que houvesses descendência na família, mas os pagamentos eram de novo negociados. Assim os senhorios evitavam a desvalorização dos produtos.

 

Em Guifões e Gatões a enfiteuse torna-se a regra e destina-se ao emprazamento de casais, leiras, bouças, moinhos e azenhas. Os rendeiros de Guifões trabalham para a cidade do Porto ou para o Estado, mas também para o Marquês de Abrantes/Fontes. Em Gatões, fundamentalmente para o Balio, onde é mais fácil aceder a cargos de estatuto local, como o de oficial das milícias.

A partir de finais do século XVII a vida local é dominada por esta média burguesia rural, que é proprietária imperfeita, pois usufrui de terras que são emprazadas e não suas, e que obtém, quase sempre por compra, cargos do poder local, de cobrança fiscal e militares. No século XVIII há já casas familiares dominantes, como a dos Oliveira, que irão fundar a que hoje se chama Casa do Major, na mealha de Guifões e Custóias. Os fundadores da casa eram de Guifões e Gatões e vão acumulando propriedades nas duas aldeias e em Custóias tornando habitual a compra, para o filho mais velho - ou o marido da filha, do cargo de alferes do Balio. Duas casas novas dividem o estatuto em Gatões, a partir do casal ou quinta primitiva que tivera como senhorio direto o capitão e cavaleiro professor do Santo Ofício Manuel Carvalho da Silva, do Porto. Este cedeu um terço destes bens ao abade do mosteiro portuense de S. Domingos, que a aprazou a António da Silva Duarte, de Gatões. Os dois terços que restaram do casal de Gatões, foram aprazados a José Álvares e a sua mulher, que cederão, ainda no século XVIII, a sua propriedade aos pais da mulher dos Passos.

Também o pai dos Passos apraza grande parte do antigo casal ou quinta de Guifões, com paço rural, no último quartel do século XVIII, tornando-se a família típica de lavradores em ascensão, capazes de enviar os filhos para estudar em Coimbra e dispondo ainda de capital móvel aplicado em negócios no Porto.

Este progresso também se aplica pelo desenvolvimento da agricultura. Ao contrário do regime agrícola do Norte interior, que exigia manter ainda metade da terra em pousio, em Guifões e Gatões começa a desenvolver-se, desde finais do século XVI o regime agrícola do Bocage, que em Portugal se chama campo prado.

 

 

O campo prado é um terreno rodeado de renques de árvores, que dão fruto, madeira e lenha, dispostos, portanto, no limite das parcelas, onde se desenvolve uma policultura no seu interior, quase sempre de regadio natural - a água que escorre do alto para os regos a toda a volta. O cultivo é de alternância de campo, no Verão e de prado para pasto, que exige mais rega, no Inverno.

O bocage perfeito é pasto todo o ano e tem algumas árvores de fruto nas sebes, enquanto os cereais são apenas cultivados nas encostas, (as agras) enxutas, seguros por soutos e carvalhais. Em Guifões e Gatões, como em todo o Norte, além de árvores de fruto cultiva-se também a vinha, que circunda o campo ou sobe pelas árvores.

O cultivo do centeio acentua-se no Inverno, pois a sua farinha é indispensável para tornar mais consistente a farinha de milho usada no pão. O campo prado aponta para a criação abundante de gado bovino ou lanígero; na freguesia predominou sempre o bovino, embora também houvesse alguma criação de carneiros, cabras e porcos.

É a adoção do campo prado, uma inovação contra o afolhamento/pousio anterior, que permite, com a alternância das culturas, uma cultura continua, ao mesmo tempo, a horta, feijões e abóboras entre o milho, e, em ocasiões diferentes, agriões, nabiças e grelos junto aos regos de água. A partir do século XVII não só a agricultura evoluía neste espaço da actual freguesia, como parecia determinar futuras explorações, como, já no século XIX, a cultura da batata, efetuada no período anterior à semeadura do milho e também o desenvolvimento da criação de gado grosso, característica do concelho no último quartel do século XIX.

Com o desenvolvimento do liberalismo começa a aplicar-se o novo sistema sucessório, que anula os direitos dos morgados e dá-se uma verdadeira pulverização da propriedade e a freguesia começa a ter o aspecto que ainda hoje tem, campo denso, mas muito retalhado. O aumento da população obrigou a usar os fundos redondos dos vales e o começo das encostas, subindo o cultivo ate 400 e mesmo 600 metros.

Os moinhos de pão

Na margem esquerda do Leça, onde ficam hoje restos da Ponte do Fulão, outras três azenhas e uma outra, O Moinho do Recado, abandonada quando se construíram os moinhos da Silva, em frente. Um moinho de rodízios, o Manco, existia na margem esquerda do Leça até 1880, no lugar da Silva, e também foi abandonado devido à construção de uma barragem a montante pelo proprietário dos moinhos da Silva.

Na Lomba havia, mesmo na foz do ribeiro os Moinhos do Fulão, a montante, os Moinhos da Carolina e mais acima os Moinhos da Lucinda e o do Cavouco. No mesmo ribeiro, com o nome do lugar e apenas com um rodízio, havia o Moinho do Porto Mouro.

As azenhas implicavam a construção de um açude – ou levada – com canal de comporta, o pujadouro, por onde passava a água que movia as pás da roda da azenha. A roda girava sobre o eixo de madeira, ligado a uma engrenagem que fazia, por sua vez, mover a mó de pedra, do lado de cima, (a capa), sobre a inferior, ou pé do moinho, imóvel, e onde havia um escoadouro, o canal do chamadouro, para a farinha que ia cair no tremonhado da farinha.

Nos moinhos de rodízio ou moinhos de pena o movimento era transmitido directamente ao eixo vertical, lobete, pelas “penas” fixas ao centro. O veio também accionava a mó de cima, que é levantada pelo alçadouro. A água que vinha do pajadouro accionava as penas através dos cubos.

 

Produzido a nível doméstico o pão de mistura e algum pão alvo, de trigo, era levado à cidade ou a Matosinhos e Leça da Palmeira pelas padeiras, figura feminina tão característica com a sua canastra com forma de piroga, como as leiteiras com as folhas e os canados à cabeça ou as hortaliceiras de cesto redondo. Eram elas o elo final da produção doméstica do pão, facilitado pela proximidade dos moinhos e pelo desenvolvimento das técnicas de cultivo que criaram espaço para a horta e o crescimento excedentário do gado para venda.

A produção do Linho

Sempre se cultivou linho em Guifões, pelo menos até aos anos vinte deste último século. O linho foi desenvolvido pelos romanos e no norte o que se fazia já era de qualidade. Durante a Idade Média o linho fiado ou em pano, a estopa e a semente, a linhaça, faziam parte dos pagamentos das obrigações, tanto ao senhor como à Igreja.

Manteve-se algum linho, pois torna-se notória a crise do sector nos anos quarenta do século XIX, quando o algodão, mais fácil de tecer em fábricas, quase substitui o tecido de linho. Temos de admitir que, se algum linho se continuou a cultivar, esse terá sido um trabalho suportado pelas mulheres, de resto peritas nas operações longas, pacientes e difíceis que a sua produção determina.

As operações desta produção eram, em Guifões, as de uma sabedoria tradicional e doméstica, sabendo-se, embora, da existência de casas do linho, que deviam ter um funcionamento de base colectivo.

O cultivo do linho não é mais difícil que o dos cereais, só que exige muita água e portanto um sistema de distribuição da água em regos poucos profundos, as tornas. O arranque, quando maduro, proporcionava a primeira festa do linho que era fundamentalmente feminina. Era amarrado em molhos e empilhado em rolheiros de forma cónica, no campo, com as sementes voltadas para dentro. Ficava assim até à completa maturação. Punham-se depois as palhas a secar ao sol, até as cápsulas das sementes se abrirem.

Em casa era ripado, num pente, o ripanço, feito de dentes de ferro ou madeira, presos numa tábua que se segurava na cabeçalha do carro de bois. Amarrava-se novamente em pequenos molhos, atava-se-lhes pesos de pedra e mergulhavam-se no rio Leça, durante cinco dias, (para “alagar”). O linho na água curtia e fermentava e as fibras ficavam separadas, e eram colocadas para secar num batido de terra da bouça e depois levados ao engenho, moinhos de cilindros canelados, de madeira, que eram movidos pela força do gado, o moinho de Gatões ou de água, na Lomba. Saía em mantas, concentrado de linho que quase não tinha palha.

Uma outra festa de convívio, em serões, dava início à fase do espadelamento, para soltar os restos de palha e alisar o linho, operação que se completava no sedeiro, pente de picos graduados, separando completamente a estopa. Era então fiado nas rocas domésticas e feito em meadas, que, bem barradas de borralho de lenha amassada em água quente, iam ao forno cozer.

Depois de cozidas eram retiradas com a pá, lavadas e iam corar no coradouro bem coberto de pasto. Apurava-se a brancura, colocando-as em camadas no cortiço sobre o barreleiro, cobertas com um pano onde se colocava nova camada de pasta de borralha, lançando-se por cima água a ferver e ficavam toda a noite na barrela. Voltava ao coradouro alguns dias até ficar mais branco e só depois era dobado e tecido nos teares caseiros.

AS PEDREIRAS

As pedreiras de Guifões, tão citadas como as suas azenhas desde a Alta Idade Média, tornaram-se um verdadeiro mito na terra, a ponto da bandeira da freguesia contemplar o martelo, instrumento típico dos “montantes”, os pedreiros que subiam ao monte para arrancar a pedra.

Havia de facto pedreiras de granito no Monte Xisto e no Monte S. Martinho, suficientes para alimentarem uma atividade de extração regular e foram muitos dos montantes de Guifões que se deslocaram para o vizinho Monte de S. Gens para dele extraírem os blocos que foram construir os suportes e os muros do porto de abrigo de Leixões, a partir de 1884. Hoje a exploração é pequena, mas ainda se pode apontar.

Os montantes tinham uma profissão com certo prestígio. Eles mesmos possuíam os seus variados instrumentos, de acordo com o seu papel na extração da pedra: a pica, a pá, a sachola, as ponteiras de cravejar, a cunha, o picão, o martelo, o riscote e a carrela.

Quando se lança a primeira linha férrea reduzida, os pedreiros são chamados como pessoal de apoio para o lançamento dos carris de linha de Via Reduzida Porto (Boavista) - Póvoa, com estação em Gatões, desde 1875 e a Linha da Cintura que começou a construir-se em 1938, o que exigiu o levantamento da Ponte da Lomba, com quatro arcos e que tinha apeadeiro na Ponte do Carro, para o que foi também necessário construir o pontão que escondeu a famosa ponte histórica.

Arqueologia e Monumentos Históricos

No ocidente peninsular a Idade do Ferro situa-se entre o século VIII e o II a.Cristo, talvez desde os primeiros estabelecimentos comerciais fenícios e gregos – finais do século VII e século VI a.C. – e na sequência de grupos celtas invasores ou itinerantes da produção do ferro. Acentua-se naturalmente, com a ocupação romana a partir do século II a.C.

Guifões possuía ainda há bem poucos anos duas pontes de grande valor artístico e arqueológico, a ponte de Guifões, quase á saída da freguesia, que atravessava o rio na sua área mais pacífica e bucólica, destruída por um temporal, e a Ponte do Carro, unindo Guifões a Santa Cruz do Bispo, em cota mais elevada.

A proximidade da Ponte de Guifões do Monte do Castêlo e os vestígios romanos que aí se encontravam – considerados árabes durante o Antigo regime, - o que se via no relato do pároco de Guifões ao tempo das Memórias Paroquiais – bem como a própria forma e estética da Ponte, - com os seus arcos de parapeito alargados – predispunha a considera-la de construção muçulmana. De resto havia ainda a velha designação de “Porto Mouro” para garantir estas afinidades.

Sendo o arco da ponte semi-circular, arco romano, generalizou-se nos eruditos a ideia de que tanto esta como a ponte do Carro, de arco apontado, seriam romanas.

É mais provável que a Ponte do Carro seja mais antiga do que a Ponte de Guifões, tanto pelo aparelho de alta Idade Média, como pelo arco em sela, característico das pontes que por altura do reino de Astúrias e Leão começam a facilitar a passagem das investidas cristãs e depois darão vasão aos peregrinos a Santiago de Compostela.

No caso da ponte do Carro trata-se de um aparelho medieval, tanto na estrutura do arco como no pavimento, o que não exclui a possibilidade de ter tido vários arranjos posteriores, e ainda o aproveitamento de pedras de construções romanas.

A antiga Ponte de Guifões, - e de modo algum se podem aceitar as explicações de Joaquim Neves dos Santos, atribuindo-lhe uma construção pré-romana – apesar de ter tido um aparelho mais frágil que o da Ponte do Carro – é susceptível de ser atribuída ao período medieval, com óbvios acrescentos modernos, caso dos parapeitos em arco.

 

Há ainda uma ponte, de certo modo notável pela sua elegância e enquadramento na paisagem, contemporânea, a Ponte do caminho de ferro, na Lomba. É uma peça feita em cantaria, com quatro arcos e inaugurada com a linha da Cintura em 1938.

A Igreja de Guifões

Quando se ouve falar da igreja de Guifões, já no século XIII, ela aparece anexa ao mosteiro das Bouças. Situava-se no termo de Bouças, tal como outras três igrejas, Lordelo, Ramalde e Morosa, (Leça da Palmeira), pelo menos quando dela se fala na escritura feita entre o Cabido e o Bispo do Porto e Dona Mafalda, que herda Bouças do seu pai, D. Sancho I. O documento é de 1249. É bem natural que tenha sido com Dona Mafalda que a igreja, renovada, ganhe forma românica, que é tradição ter apresentado. É um facto que a rainha – Dona Mafalda conservou o título, mesmo repudiada pelo rei espanhol com quem casou – fez obras nos edifícios que lhe pertenciam e por onde passou. O mesmo aconteceu quando estanciou no Mosteiro de Bouças e em Leça do Balio.Esta é a antiguidade possível para a primitiva igreja, o século XIII. Nada se pode afiançar a propósito de uma capela primitiva, paleocristã, como se chegou a assegurar. Também é um facto que os lugares santos permanecem ao longo dos séculos e uma razão de escolha dos locais de construção de um templo é o facto de se considerar o seu chão sagrado.Nas Inquirições de 1254 a existência da igreja é confirmada e atribuída ao Mosteiro de Bouças a sua posse. O seu orago é S. Martinho, um dos santos mais venerados desde a Alta Idade Média.No século XVI, por regressarem ao rei os bens de Bouças, este, D. João III, oferece Bouças à universidade de Coimbra, que toma dela posse em 1542. As dízimas da igreja de Guifões passam para a Universidade, enquanto a escolha do pároco de Guifões continua a ser feita pelo Mosteiro de Bouças, que transita, de resto, para a sua nova igreja, em Matosinhos.Em 1699 iniciam-se reformas na igreja, à custa da Universidade. É então que ela ganha o aspecto que hoje tem.É uma igreja com cobertura de madeira na nava, e possuiu sempre altares para o Santíssimo Sacramento, S. Martinho, S. João Baptista, Nossa Senhora do Rosário e Santo António com S. Sebastião. O altor mor, espaçoso, tem cobertura de madeira em caixotões decorados e está separado por uma grade do resto da igreja e a decoração é, naturalmente, barroca, em talha dourada. O altar de Nossa Senhora do Rosário é de inspiração neoclássica, apresentando o nicho da imagem ladeado por duas colunas. Outros motivos híbridos – de influência barroca e neoclássica ligam-se noutros altares e na decoração.Todos estes motivos estão profundadamente alterados com as reformas que a igreja foi sofrendo, em 1895, 1922 e 1925. Nesta última, de vulto, foram colocados lambris de azulejos na igreja e capela-mor, foram rebocados e pintados muros interiores e exteriores, bem como os tetos, renovado o coro e os altares, Foi também assoalhada a capela-mor.Em 1939, nova pintura das paredes interiores e todo o corpo da igreja onde, até 1835 eram sepultados os paroquianos, foi assoalhada. A partir desse ano de 1835 sepultavam-se no adro até à inauguração do cemitério em 1863, que também seria alargado, aproximando-se mais da igreja. Os muros, gradeamentos e portão do adro da igreja são de 1926. O guarda-Vento da porta é de 1954.

O Padrão dos Centenários

Em 1940, em plena guerra, foram comemorados em festejos nacionais, que incluíram a realização da grande Exposição colonialista do “Mundo Português”, em Lisboa, os nove séculos da fundação da nacionalidade, (1140) e o terceiro século da Revolução da Independência em 1640.

É para recordar estas datas e desenvolver o nacionalismo, característica fundamental do Estado Novo, que se ergueram no país vários monumentos como este que se encontra em Guifões, sem qualidade estética, mas de grande simplicidade na mensagem que fornece, a unidade da religião e da política expansionista. O monumento simboliza um padrão de descobertas.

No antigo Largo do Souto, que agora tem o nome deste famoso pároco de Guifões, Largo Padre Joaquim Pereira dos Santos.

O monumento costa de uma base de granito para o busto em bronze do pároco e foi mandado levantar pela actual Junta de Guifões, em mandatos anteriores, sob a presidência do Senhor João Fernando da Silva Santos.

Monumento ao Padre Manaça
Antiga Junta de Guifões

O edifício da antiga Junta, com torre modernista, inaugurada em 1925, com a curiosidade das portas e caixilhos das janelas terem sido feitas gratuitamente pelos carpinteiros da freguesia, que apenas forneceu o material, a medeira e os pregos, tornou-se insuficiente para as necessidades administrativas.

O actual edifício da Junta, inaugurado em 1997, é um edifício aberto, que proporciona a acumulação das repartições administrativas e ocupa os terrenos do antigo Campo desportivo do Senhor. De linhas modernas, enquadra-se perfeitamente no espaço da Praça, dominando a perspectiva sobre Guifões e Gatões.

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Realizado Por Carlos Pereira

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