Rancho Regional de Guifões
Fundado a 10 de Janeiro de 1977

Trajes
O trage sempre foi revelador da condição social das pessoas e do meio em que vivem por isso é tão importante o seu estudo.
Sendo Guifões uma das mais antigas Freguesias do Concelho de Matosinhos, e conhecida no Principio do segundo milénio como uma Freguesia essencialmente agrícola, onde cultivava, trigo, centeio, milho, e algum vinho, sendo posteriormente muito deste cereal, transformado em farinha, nos Moinhos existentes ao longo do Rio Leça.
São representativos de todas estas atividades, os trajos do Rancho Regional de Guifões:
Trajos de Festa Lavradeiras Ricas Trajos Domingueiros Trajos de Campo
Trajos de Noivos Ricos Trajo de Viuva Trajo de Pescador
Trajo de Vareira Trajo de Feira Trajo de Romaria
Trajo de Palhoça

Trajo de Festa de Lavradeira Rica
Este trajo é composto por camisa branca completamente oculta, exceto os folhos espreitando no decote e nos punhos. Casaquinha preta, cingida ao corpo trabalhada com uma fita preta de veludo, ajustada na frente com botões. Mangas compridas com decorações idênticas nos punhos. Saia de tecido preto igual ao da casaquinha, com ampla roda, pregueada na cintura e decorada na orla com uma fita preta de veludo. Saiote branco curto ajustado ao corpo, e saias brancas, de roda.
Calça meias brancas e chinelas pretas.
Na cabeça, usa lenço branco e chapelinho.
Usa arrecadas e cordões ao peito.
Trajo de Domigueira
Era o trajo habitualmente utilizado para ir à missa e participar em atos de culto religioso.
Este trajo é composto por camisa branca e colete estampado colorido, ajustado ao corpo e um lenço de merino vermelho, no peito.
Saia preta com uma barra vermelha em veludo. Saiote branco curto, ajustado ao corpo, e saias brancas rendadas, de roda.
Avental preto comprido com uma barra de renda de algodão da mesma cor.
Calça meias brancas e chinelas pretas.
Na cabeça, usa lenço branco com três pontas soltas e um chapelinho de veludo.
Leva a algibeira.
Usa arrecadas e cordões ao peito.
Trajo de Domigueira
Era o trajo habitualmente utilizado para ir à missa e participar em atos de culto religioso.
Este trajo é composto por camisa branca e colete estampado colorido, ajustado ao corpo e um lenço de merino vermelho, no peito.
Saia preta com uma barra vermelha em veludo. Saiote branco curto, ajustado ao corpo, e saias brancas rendadas, de roda.
Avental preto comprido com uma barra de renda de algodão da mesma cor.
Calça meias brancas e chinelas pretas.
Na cabeça, usa lenço branco com três pontas soltas e um chapelinho de veludo.
Leva a algibeira.
Usa arrecadas e cordões ao peito.


Trajo de Domigueiro
Este trajo é composto por calça de fazenda de preta, camisa de linho branco, colete e casaco da mesma fazenda.
Faixa preta.
Chapéu preto.
Botas/sapatos pretos.
Lenço tabaqueiro vermelho no bolso.

Trajes de Trabalho




Trajo de Ceifeira
Este trajo é composto por uma saia trabalhada com pequenas flores cor-de-rosa. Junto ao corpo uma saia pequena justa, saias brancas e uma saia vermelha bordada, por dentro. Um avental comprido. Uma faixa apertada na anca para reduzir o volume das saias.
Uma combinação por dentro da blusa estampada.
Chapéu de palha.
Arrecadas nas orelhas e socos pretos.
Trajo de Ceifeiro
Este trajo é composto por calças e camisa branca de linho.
Ceroulas brancas.
Faixa preta em volta da cintura.
Lenço à tabaqueiro vermelho atado ao pescoço para limpar o suor durante o trabalho.
Chapéu de palha.
Nos pés socos de madeira.

Os ceifeiros Guifonenses não podiam ser frágeis, as ceifadas exigiam muita energia física, por isso tinham de ser fortes e ágeis. As foicinhas eram bem afiadas, o punho era de madeira e devia estar bem fixo para a mão encontrar firmeza e não cansar o pulso.
Na ceifada participavam um grupo de homens e mulheres. Estes homens e mulheres iam preparados para disputar quem era mais rápido e quem fazia o corte mais perfeito do trigo ou do centeio. A regra para fazer um corte perfeito era cortar o trigo, ou centeio, bem baixinho para quando se fosse lavrar não haver muita palha nos campos. Muitos ceifeiros andavam mais a frente para demonstrar que eram valentes, outros, ficavam para trás. No entanto, todos cantavam em coro, com diversas vozes e sentiam-se felizes e reunidos nesta grande tarefa.
As Guifonenses que trabalhavam no campo usavam saias de estopa, ou de linho, com bastante roda. Por baixo usavam saias brancas e vermelhas bordadas. Uma faixa apertada na anca para reduzir o volume das saias. Blusa de linho e um colete estampado com flores miudinhas com cores. Lenço de chita pelas costas e um outro amarrado na cabeça com ou sem chapéu. Nas orelhas argolas de ouro. Nos pés usavam ou não, socos ou tamancos de sola de madeira, cobertos de cabedal

Trajo de Lavadeira
Este trajo é composto por uma saia escura. Junto ao corpo uma saia pequena justa, saias brancas e uma saia vermelha bordada. Um avental às riscas comprido.
Uma faixa apertada na anca.
Uma blusa escura. Lenço trabalhado na cabeça.
Arrecadas nas orelhas e socos pretos.

Trajo de Leiteira
Este trajo é composto por uma saia trabalhada com pequenas flores e uma fita preta. Junto ao corpo uma saia pequena justa e saias brancas.
Um avental azul trabalhado comprido com dois bolsos, para guardar o dinheiro da venda do leite.
Uma blusa azul estampada.
Um lenço de algodão na cabeça.
Arrecadas nas orelhas e socos pretos.


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Lavadeira
Recolhiam a roupa dos senhores ricos da freguesia e transportavam-nas em carroças ou em “trouxas´ à cabeça, que entregavam já depois de lavada e tratada.
Para lavar a roupa nestas margens de piso irregulares, muitas lavadeiras usavam “caixotes´ de madeira apoiando aí os joelhos para se protegerem. A roupa era lavada com sabão de barra, partido aos bocadinhos e enxaguada nas límpidas águas do rio Leça na Ponte do Carro ou na Lomba, torcida e retorcida e estendida sobre as ervas.
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Leiteira
Os lavradores tinham uma rapariga para ir vender o leite durante a manhã. Percorria as ruas de Guifões para entregar o leite encomendado. Ia sempre com a preocupação de ir bela e elegante pois transportava um produto alimentar muito apreciado pelos ricos, pela confiança que tinham na leiteira que lhe fornecia e pelo brio que ela se mostrava.

Trajo de Feira
Este trajo é composto por uma saia de chita trabalhada e com três fitas pretas. Junto ao corpo uma saia pequena justa e saias brancas.
Um avental trabalhado comprido com dois bolsos.
Uma blusa estampada.
Um lenço de algodão na cabeça.
Arrecadas nas orelhas e fios ao peito.
Socos pretos.
Bolsa na mão para trazer o que comprava.
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Feira (Chita)
As mulheres de feira não eram iguais. Havia as grandes feirantes que vendiam em grandes quantidades, e havia a mulher que ia a feira somente para verificar o mercado porque tinha a intenção de vender ou comprar. Para não se infiascar, ia espiar o mercado e, ao mesmo tempo, para não dizer que ia à feira sem nada, então levava no seu braço esquerdo uma pequena cesta talvez com uma dúzia de ovos ou feijões para a troca de alguns escudos, para uma outra compra não muito importante, mas foi à feira com outras intenções que nada tem a ver com esta venda ou compra, mas sim para espiar o mercado para o seu futuro negócio. Ia sempre elegante, ligeiramente carregada e assim era uma mulher que ia à feira.
Vestia uma saia de chita listada ou gorgorina, toda em pregas com fitas. Saias interiores brancas e por vezes uma saia vermelha. A blusa de chita ou de riscado, o avental comprido e bordado ou no rodapé ou à volta. Lenço sobre as costas bordado a condizer e na cabeça o cabelo comprido amarrado e penteado em forma de puxo ou com um lenço de algodão. Nas orelhas brincos simples. Nos pés chinelos pretos de pequeno tacão


Trajo de Criança
Trajos compostos por saias de chita trabalhadas, blusas clarinhas e aventais com peitos trabalhados.
Junto ao corpo usam saias pequenas brancas com roda.
Meias brancas e sapatos pretos.
Cabelo apanhado com um puxo ou com dois totós.




